25 fevereiro 2006

14 fevereiro 2006


a_mar


beija-me,
beija-me o primeiro beijo uma vez mais.
fecha os olhos em antecipação
do frémito do corpo que amaste um dia,
desenha-lhe agora hálitos confusos,
serpentinas no tempo,
espirais de vontade.
cala-me os lábios com um sorriso
e depois, calmamente, com cuidado,
descola-te de mim sem adeus.
ou façamos um beijo desesperado,
desalmado.
só corpos
suemos cascatas de prazer sentido
no limite da consciência,
ou percamo-la, até.
beija-me
como se a memória fosse a última das derrotas,
beija-me no presente,
por quem sou.
beija-me então sem sentido,
sem rectidão, dá-me o beijo imoral.
beija-me ao engano,
perde-te por mim fora e oferece-me aos deuses da morte
se quiseres.
mas beija-me o primeiro beijo.
e esse, por favor,
guarda-o só para mim.