03 janeiro 2006

E depois havia outra Joana.
Mas esta nem sequer chegou a crescer. O seu corpo desapareceu às mãos de quem a deveria ter protegido... por um punhado de euros.

JOANA
de ti apenas resta tudo o que não foi dito...
e as palavras inexistentes
sussurram como filigranas de uma música que me escapa por entre os dedos
(uma gargalhada no recreio,
uma canção de embalar)
e olho para o lago mais profundo que os teus olhos onde repousas
contando as flores que flutuam
as mesmas flores de ofélia
as mesmas flores que sempre acompanham a morte de perto
a tua imagem surge uma vez mais no ecran da tv
e sinto a vertigem de me atirar às águas numa justiça de mortal
numa justiça vã

reconheço-te nos milhões de miseráveis que não conheço ou finjo não conhecer
nas esquinas
nas entradas de centros comerciais
a chorar bebedeiras de pais em casas ao lado da minha
reconheço-te no silêncio cobarde a que me remeto
de cada vez que enfiado em mim digo
não é nada comigo

não te conheço

2 Comments:

At 04 janeiro, 2006 09:11, Blogger isabel mendes ferreira said...

eu tb. não.posso adivinhar...tento...mas falho. aliás tu já o disséste....(lucidamente???ahahah) mas apetece-me vir aqui dizer que te leio como aos olhos da....outra....:)


b.e.i.jo. e bom dia.

 
At 04 janeiro, 2006 21:10, Blogger Lia C said...

é... às vezes pergunto-me de qunatas Joanas conseguiremos não dar conta...

bjs mts

 

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