02 março 2007

Ena pá tantas verdadeiras histórias!

A verdadeira história de joão e o pé de feijão


Era uma vez um lindo menino chamado joão ratão que vivia com seus pais num chalezinho à beira mar. Um dia, andava o menino a apanhar conchinhas quando apareceu um lindo lindo senhor que lhe disse: olá lindo menino, como é que te chamas? E o joão ratão disse chamo-me joão ratão e tu lindo lindo senhor? E o lindo lindo senhor disse eu chamo-me príncipe com orelhas de burro. Oh que nome tão engraçado disse o joão ratão. O meu pai também era príncipe mas depois a bruxa má transformou-o num pequeno dedo e agora somos muito muito pobrezinhos, e por isso tenho que apanhar estas conchinhas para fazer colares para vender na feira das quintas. O príncipe com orelhas de burro ficou muito triste com a sorte do joão ratão e por isso perguntou-lhe: e o que é que queres ser quando fores grande? o joão ratão nem pensou e disse logo quando for grande quero ser sherlock holmes. E o que é isso? perguntou o príncipe com orelhas de burro. Não sei bem disse o joão ratão mas deve ser muito bom. O príncipe com orelhas de burro também continuou sem saber, mas mesmo assim tirou uma pedrinha do bolso e disse ao joão ratão: toma lá esta pedrinha que é para te lembrares de mim e do teu sonho. Depois foi-se embora e o joão ratão voltou para o chalezinho, muito carregado com tantas conchinhas e com a pedrinha. Para se aliviar do peso, o pequeno joão ratão teve uma bela ideia e enterrou a pedrinha num cantinho do jardim. A parte a seguir é muito chata e só continua numa quinta feira que não é hoje, por isso é melhor passar contar a verdadeira história do pequeno polegar. Reparem que além de ser muito interessante responde a perguntas que alguns meninos gostam de fazer nas caixas de comentários:


A verdadeira história do Polegarzinho


Era uma vez um lindo lindo príncipe chamado pequeno polegar que vivia no seu chalezinho à beira mar com os seus imensos filhinhos e algumas luvas. As luvas eram todas muito bonitas e muito boas e por isso o pequeno polegar guardava-as sempre num saquinho azul, muito arrumadinho no fundo do armário. Um dia, andava o pequeno polegar a passear calmamente à beira mar e a pensar no sentido da vida quando viu aproximar-se uma velha muito feia e muito má que lhe disse: ou me dás já o teu saquinho azul ou digo a toda a gente que estás apaixonado pelo sentido da vida. Via-se logo que era uma bruxa, mas o pequeno polegar não ligou porque estava mesmo a pensar no sentido da vida e toda a gente sabe como é quando uma pessoa se apaixona e não consegue pensar em mais nada, por isso olhou para a bruxa e disse: és feia. Há quem chame a isto uma evidência, só que a bruxa não sabia e ficou furiosa por isso transformou logo ali o pequeno polegar num dedo mínimo em forma de indicador, próprio para encostar à têmpora enquanto se filosofa. Ora bolas, mas para que é que eu quero isto?, pensou a bruxa, já tentada a filosofar. Mas como era acima de tudo uma mulher ocupada que tinha mais histórias para tramar, atirou o dedo fora. O pequeno polegar voou pelos ares e foi aterrar directamente à:


A verdadeira história da Lebre e da tartaruga


Era uma vez uma linda linda menina chamada tartaruga qua andava a saltar à corda no jardim quando viu um dedo. Como era também muito muito esperta e muito muito inteligente, pegou no dedo e disse: olha, é um dedo! E adivinha!, por isso pôs-se a saltar sem a corda e a cantar ta-nhum-de-do-cad-vi-nha, ta-nhum-de-do-cad-vi-nha. Aquilo intrigou um menino que andava ali perto a jogar à bola com os pombos e a tirar macacos do nariz: como é que sabes que é um dedo que adivinha?, perguntou ele. Este menino era mais versado em dicção e tinha aprendido a fazer divisões silábicas e tudo, por isso chamava-se Lebre, mas a menina, que ainda não tinha atingido aquele estádio do pensamento abstracto que o tio piaget inventou, ficou muito atrapalhada e foi-se embora muito corada. Quando a viu corada o menino pensou: claro! É mesmo um dedo que adivinha porque ela adivinhou que é um dedo que adivinha. Ora bolas!, e eu que a deixei fugir. E foi a correr atrás dela: menina, menina, gritava ele, espara aí que eu já sei. Mas a tartaruga escapou-se e foi o que fez de bem. Chegou a casa da avozinha e disse para a mãe: mãe, ta-nhum-de-do-cad-vi-nha!, mas a mãe não ligou nada e continuou a fazer o jantar. Falta aí sal, disse a menina, e a mãe provou a sopa e faltava mesmo, por isso pôs mais sal na panela. A menina aproveitou e com o dedo tirou um bocado da mousse, depois tirou outro e foi tirando tudo até ao fim. Quando o pai da tartaruga chegou para o jantar ficou muito triste por já não haver mousse mas, mal provou a sopa, disse logo para a mulher: isto hoje está muito bom, estás a ficar com dedo para a cozinha. A tartaruga ficou muito contente e foi dormir para despachar esta coisa. No dia seguinte, mal acordou, pegou no dedo e foi outra vez para o jardim. Já lá estava o lebre, claro, que era madrugador. Mal viu a tartaruga disse: linda linda menina, já sei porque é que tens um dedo que adivinha! Ora a tartaruga que não era parva perguntou mas como é que podes ter adivinhado se não tens o dedo? E ficaram assim a discutir até ser já muito de noite e repararem que estavam apaixonados. Casaram logo ali e tiveram muitos filhinhos. Os filhinhos não foi logo ali, foi mais tarde, mas tiveram imensos. O pequeno polegarzinho aproveitou para se escapar e:


A verdadeira história do polegarzinho – conclusão


Depois de muito andar e ter muitas aventuras com moinhos de vento e raposas e baleias, o polegarzinho lá conseguiu encontrar o sentido da vida. Ficaram os dois muito contentes e casaram logo, mas não tiveram muitos filhinos porque o sentido da vida era um bocado estéril. De qualquer modo abriram uma grande fábrica de dedos de prata e viverem ricos para sempre.

4 Comments:

At 03 março, 2007 22:26, Blogger 919 said...

Na na ni na ni na não!... Então o polegarzinho já não era um dedo mindinho?... Daqueles cadivinham? E que também são usados para outras tarefas, como deixar crescer a unha pra se ficar menos surdo e... bem, também ainda não vi ninguém procurar o Tarzan com o polegar!...

 
At 04 março, 2007 19:35, Blogger Alberto Oliveira said...

...eram tantas histórias verdadeiras que por vezes me perdi no miolo delas porque tenho o hábito de pegar numa história, interrompê-la e passar a outra, depois voltar à anterior mas não no sítio onde parei a leitura, mas no oposto que costuma ser o fim e depois retornar à história-outra "pegando-lhe" pelo meio e assim sucessivamente até perceber finalmente que assim não chego a parte nenhuma de qualquer história. Mas volto sempre a cometer o mesmo erro e por isso mesmo gostei muito desta verdadeira história mista do "João Ratão com orelhas de burro, burro esse que comia pé de feijão que com o seu polegarzinho que comia lebre estufada e casou com a tartaruga dos dedos de prata". Os meninos que fazem perguntas nas caixas de chocolate com comentários, foram os padrinhos... de baptimo.


beijos muitos.

 
At 04 março, 2007 23:28, Blogger Lia C said...

Lélé: claro que o polegarzinho era um dedo mindinho daqueles cadvinham, mas o que sempre nos esconderam nesta história foi que tinha forma de indicador. É isto que considero grave e solene, porque solene é uma palavra que fica bem em quase todos os contextos e eu gosto de contextos. Não de todos, sabes como é, mas nutro assim um certo carinho por eles e por malmequeres (porque é que malmequeres está sublinhado a vermelho?)
Legível: é fantástico que tenhas encontraste um miolo onde te perder, porque nem eu sabia que as histórias tinham miolo - quanto mais que alguém se pudesse perder nele! Só por isso acho que vou dormir hoje mais descansada. Agora não sei como é que hei-de aqui introduzir o solene que tanta falta faz... estou ligeiramente baralhada com o teu método de leitura, talvez pelo sucessivamente.

beijos muitos para os dois.

 
At 09 março, 2007 11:55, Blogger Rui said...

O sentido da vida é uma ganda maluco. Ainda no outro dia o vi num bar de má fama no Cais no Sodré, a beber cerveja.

Vi-o ao longe.

 

Enviar um comentário

<< Home